A BÍBLIA NA GUINÉ-BISSAU O MAIOR PATRIMÓNIO CULTURAL GUINEENSE .

Testemunho inspirador e desafiante de Pastor Ernesto António Lima. 
" Sabemos que na Guiné-Bissau existem mais de trinta e duas etnias, tendo cada uma a sua própria cultura e língua.

A língua Portuguesa, considerada actualmente a língua oficial no nosso País, tem grande importância no contexto Internacional e também no desenvolvimento educacional.
Mas infelizmente não é falada, nem bem compreendida, pela grande maioria das populações, pois apenas os letrados nas Repartições Públicas e estudantes nas escolas é que a utilizam.

Nenhum dos trinta e dois dialectos (línguas) da Guiné-Bissau foi capaz de servir como o único canal de comunicação entre os Guineenses em todo o território nacional. Nem a língua Portuguesa, que há mais de cinco séculos foi utilizada como língua nacional.

A única língua que conseguiu alcançar naturalmente todo o território nacional, sem a menor sombra de dúvidas, é o Crioulo. Ela é falada quer nas matas ou cidades, quer nas vilas ou tabancas, nos mercados, ou Repartições Públicas e até no nosso Parlamento - Assembleia Nacional Popular. É falada pelos nossos deputados, devido ao seu alto nível de compreensão por todos os Guineenses.

Descoberta a Guiné pelos Portugueses, começaram os primeiros contactos com os habitantes locais Guineenses. Pouco tempo depois já havia uma camada de jovens africanos chamados os «grumetes» que eventualmente se adaptaram aos costumes portugueses. As línguas usadas entre os dois grupos (Portugueses e Grumetes) se fundiram dando origem ao crioulo moderno que é hoje a língua falada pela grande maioria do povo da Guiné-Bissau - a língua Nacional.

Tem razão de ser chamada a Língua Nacional. Vamos ver a seguir o plano que Deus tinha com esta nossa língua.

A Bíblia Sagrada em Crioulo - o maior património cultural Guineense

Foi em Crioulo, a língua mais falada na Guiné-Bissau, que, pela primeira vez em toda a história deste país, foi traduzida a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus.

O trabalho de tradução da Bíblia em qualquer língua é de grande responsabilidade. É diferente do de qualquer outro livro secular.

A tradução da Palavra de Deus exige, entre outros talentos especiais, a sabedoria de Deus, a sinceridade, a temperança, a honestidade, a perseverança, um espírito responsável e sobretudo uma inteira dependência de Deus e orientação do Espírito Santo. O texto a seguir mostra-nos o seu verdadeiro fundamento: «Porque jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens (santos) falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.» (II Pedro 1:21)
Por que é que a Bíblia é considerada para muitos como o maior património cultural Guineense?

Por várias razões, mas vamos aqui descrever apenas duas.

A Palavra de Deus encaminha um povo à unidade que ultrapassa as fronteiras humanas.

Sabemos que há, no nosso país, mais de trinta e duas tribos (etnias) e que cada uma tem a sua própria cultura virada só para si. Na cultura de cada tribo há muitas coisas belas e louváveis que são realmente dons de Deus, o Criador. Entretanto, existem muitas outras coisas negativas e até prejudiciais, tais como a circuncisão (fanado) de mulheres, principalmente crianças de sexo feminino, o roubo, que em algumas tribos é considerado coisa legal, e a discriminação e desigualdade entre o homem e a mulher na sociedade.

O único livro que contém ensinamentos práticos capazes de quebrar todas estas barreiras tribais e levar um povo a abandonar actos e práticas culturais, que em nada contribuem para o bem-estar do homem, e fazê-lo andar nos caminhos da verdadeira unidade e no temor de Deus, é a Bíblia.

A Bíblia Sagrada contém o mais alto padrão de Ética e de Moral.

Um país, para ser saudável, próspero e feliz, precisa ter um povo saudável. Pode ser uma terra com muitas riquezas naturais mas se o povo não tiver saúde física, está condenado a viver na pobreza aparentemente injustificada. Há exemplos de pessoas muito ricas mas que vivem miseravelmente.

O álcool, o tabaco e a droga são grandes males que actualmente estão ceifando vidas de milhões de homens e mulheres no Mundo, adultos e jovens, particularmente nos países do Terceiro Mundo.

Temos o caso da SIDA, a doença que é considerada «a praga do nosso século» e que é contraída especialmente através da imoralidade sexual. Há países do nosso continente que estão preocupados e até alarmados com os terríveis efeitos mortíferos desta doença.

Nas Conferências Internacionais sobre a SIDA, a nível das Nações Unidas, têm sido tomadas medidas e importantes decisões para combater e acabar com ela; porém, ela continua a propagar-se assustadoramente! Estes conferencistas apalpam em tudo, menos na Palavra de Deus, que tem a resposta.

Eles esquecem-se de que a única solução para esta terrível e mortífera praga é a intervenção de Deus mediante as pré-condições indicadas na Sua Palavra. (II Crónicas 7:14)

Povos de uma aldeia, tabanca ou de um País inteiro podem ser dizimados pela SIDA!

É um problema gravíssimo, porém há solução e esta solução encontra-se na Palavra de Deus. Só Ele pode curar um povo ou nação contaminada com esta terrível «praga do século vinte e um», como prometeu na Sua santa Palavra.

O homem ou a mulher reconciliado com Deus, seu Criador, recebe a verdadeira cura da alma e passa a ser:

a) útil para a sua família; b) útil no seu emprego;
c) útil ao seu povo;
d) útil à sua Pátria;
 e) útil ao seu Criador, Deus, nosso Pai Celestial.

É possível que haja muita gente nesta terra que ainda não reconheça a Bíblia Sagrada como o maior património cultural dado por Deus a este povo, que Ele tanto ama. (João 3:16) A nossa oração a Deus é para que Ele revele ao nosso Povo o valor incomparável da Sua Palavra, escrita na nossa própria língua, a única que é capaz de transformar este País numa Nação feliz, como disse o salmista: «Bem-aventurado o Povo a quem assim sucede!»
«Sim, bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor.» (Salmo 144:15)

A tradução da Bíblia Sagrada em Crioulo

Em 1940, logo após terem chegado à Guiné, os pioneiros Brierleys viram a importância de apresentar a Palavra de Deus por escrito em algumas línguas maternas deste povo, a saber: Balanta, Bijagó, Papel e Manjaco. Para Crioulo era proibido fazer tradução naquela altura pela Lei Portuguesa Colonial. Eles começaram a orar pedindo a Deus quatro linguistas. Deus ouviu e respondeu a estas orações.

Em 1956, chegou à província da Guiné a missionária Isabel Arthur da WEC a fim de vir servir a Deus, vinda da Escócia. Serviu ao Senhor durante sete meses em Bissau, mas pouco tempo depois ela foi para as ilhas de Bijagós, uma área que apresentava muitas necessidades.

Havia entretanto uma coisa importante que muito preocupava desde início a todos os obreiros do Senhor nesta primeira fase de evangelização: dar a Palavra de Deus ao Povo, por escrito, na sua própria língua. Isto era essencial, embora a tradução fosse geralmente feita por pessoas idóneas que procuravam fazer o melhor que podiam. Porém, nunca comparada a uma tradução escrita. Além de tudo isto, é sabido que numa interpretação oral basta introduzir-se uma palavra incompleta, trocada ou mal entendida, toda a frase pode sofrer a distorção e o verdadeiro sentido da mensagem ficar ofuscado.

Mas, quando a Palavra de Deus é escrita, está segura e não tem nenhum perigo de distorção porque está na língua que aquele povo entende.

Nestas circunstâncias, Deus preparou a sua serva e pôs no seu coração o desejo e a força para começar o trabalho de tradução tanto na língua Bijagó como na língua Crioulo. Alguns anos depois estava concluída a tradução do Novo Testamento em Bijagó tendo sido publicada pela Sociedade Bíblica, em 1989.

Restava, no entanto, uma outra tarefa de maior responsabilidade - a tradução da Bíblia Sagrada (Antigo e Novo Testamentos) em Crioulo. A irmã Isabel escolheu alguns irmãos capacitados como colaboradores, os quais ajudaram muito nesta importante obra.

Após vários anos de trabalho e sacrifícios consentidos, com a ajuda de Deus, terminou a tarefa de tradução da Bíblia. Em 1998 foi imprimida pela Sociedade Bíblica, graças a Deus.

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